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Brasil e Venezuela: Fluxos Migratórios, Relações Sociais e Comunicação

A história contada por quem vive


Oswaldo José Pense, 51 anos, um Juiz Federal com atuação na Vara Criminal. Vítima de perseguição política na Venezuela, buscou ajuda no Brasil. Devido às situações que enfrentou no seu país, ele recorreu à música como fonte de renda .


Com muita luta conseguiu revalidar o diploma, e hoje trabalha em mutirões da justiça, voltado para legalização de imigrantes que assim como ele cruzaram a fronteira.


Oswaldo é formado em violão clássico e toca o instrumento há 37 anos e também toca harpa há aproximadamente 26 anos.


UMA OUTRA HISTÓRIA…


A fronteira Brasil-Venezuela ainda é um dos principais veículos de comunicação nacionais e internacionais. Entre memórias e perspectivas futuras expostas em vídeos, se fecham os registros de cada reportagem identificada, nas folhas de papel, na tela da televisão, nas ondas do rádio, na palma da mão.


Desde o intenso fluxo na fronteira, percebido em meados de 2015, muitos imigrantes estão em busca de refúgio no Brasil por conta da crise política, econômica e social pela qual passa o país vizinho. As dificuldades e os desafios encontrados aqui incluem o deslocamento, a adaptação, condições de sobrevivência e a xenofobia em relação aos estrangeiros.


Eles decidem permanecer em Roraima devido à proximidade com o país de origem, no entanto, enfrentam uma economia local sem parque industrial, dependente em geral dos salários de servidores públicos, cujo PIB é o menor do país, com valor de R$ 11 bilhões, representando 0,2% em participação no Produto Interno Bruto do país, segundo o De acordo com levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


E o caso de Eduardo Sucre, Ander Guerra e Luiz Andueza, eles vieram para o Brasil em buscas de melhores condições de vida e são entrevistados especiais desta série de reportagem. Eles destacaram algumas dificuldades encontradas na vivência no Estado.

Segundo Eduardo Sucre "Quando você chega na fronteira em Pacaraima é bem difícil, porque quando você faz a conversão do bolívar, o dinheiro é muito caro. Você praticamente fica sem nada", enfatizou.


"Você pode vir de lá com uma mochila cheia de dinheiro, são muitas notas para pouco dinheiro, em quantidade sabe? Na realidade era suficiente na Venezuela, mas quando chegar aqui só dá pra pagar o táxi de Pacaraima para Boa Vista, é um choque total", lamentou Ander Guerra.


As notícias dos meios de comunicação são fundamentais para a criação da imagem dos imigrantes e das minorias étnicas apresentadas nos espaços e para as relações sociais entre esses grupos e os demais setores que compõem as sociedades. A realidade dos imigrantes é construída dentro da linguagem, do discurso e das narrativas midiáticas.


" Quando cheguei aqui e vi a dificuldade, não havia essa confiança na gente, os brasileiros nos chamavam de pilantras, porque eles perderam a confiança de onde eu venho, "Você é pilantra, fora, fora" era o que ouvíamos", relatou Luiz Andueza.


EM NÚMEROS


Conforme o IBGE, com base em dados da Coordenação Geral de Polícia de Imigração da Polícia Federal, em 2015 cerca de mil venezuelanos viviam no Brasil.


Em 2019, Roraima chegou a 605.761 pessoas. O crescimento corresponde a 5,06% frente os 576.568 registrados no ano passado. Deste total de imigrantes, o IBGE aponta que 99% está em Roraima, em grande parte divididos entre Pacaraima e Boa Vista.


Só entre os anos 2015 e 2017, 20,5 mil venezuelanos migraram para Roraima e mais 58,5 mil devem entrar no estado nos próximo três anos. Conforme um levantamento da prefeitura de Boa Vista realizado no ano passado, mais 25 mil imigrantes vivem na capital. Logo, o número de venezuelanos vivendo no Estado corresponde a aproximadamente 8% do total de habitantes.


NOVA GERAÇÃO DE COMUNICADORES


Alguns imigrantes estão sob estado de saúde crônico ou são vítimas de intolerância ao fazer parte de grupos minoritários como pobres, indígenas, profissionais do sexo e LGBTIs.


Para o estudante de Comunicação Social e integrante do site 'Somos Migrantes', Eduardo Haleks, a mídia tem um forte papel nessa intensificação de afastamento dos estrangeiros e de uma explosão do preconceito que é enraizado na sociedade. Ele relata, que geralmente, os veículos tradicionais massificam a problemática coletiva da imigração, deixando de lado as histórias da população, principalmente dos mais vulneráveis.


" Há um preconceito instalado na nossa sociedade e a forma como os jornalistas lidam com isso intensifica esse discurso que leva a uma aversão ao imigrante. Eu acredito que daqui há algum tempo, deixaremos de usar retrancas com palavras chaves como Venezuelanos isso, imigrante aquilo, a gente vai começar a focar em pessoas mesmo"


OUTROS DADOS


O número de venezuelanos que deixou o país chegou a quatro milhões, conforme dados divulgados pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) e a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) em junho deste ano.


Os venezuelanos são o segundo maior grupo populacional deslocado do mundo, ficando atrás apenas dos refugiados sírios, que alcançam 5,6 milhões de pessoas. Desde o agravamento na crise no país governado por Nicolás Maduro, o ritmo de saída de população da Venezuela tem crescido de maneira acelerada. Comparado a 2015 quando chegava a 695 mil, o número de refugiados e migrantes venezuelanos disparou. Em apenas sete meses desde novembro de 2018, aumentou um milhão.


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